Distinção do termo "Parafilia"



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O tema “Parafilia(s)” tem algumas características que tornam difícil de falar sobre ele, dentre as quais, podemos citar o estigma de alguém que recebe o diagnóstico de portador de um Transtorno chamado Parafilia. Outra característica a ser levada em consideração é o seu caráter pessoal de expressão da sexualidade e/ou obtenção de prazer. Para melhor entender esse assunto, e, principalmente, trazer uma reflexão crítica sobre ele, cabe aqui trazer alguns conceitos e esclarecimentos.

Antes de tudo, se faz necessário trazer distinções entre conceitos muito confundidos dentro do âmbito da sexualidade: o de parafilia e sociopatia sexual. Os sociopatas sexuais, mais conhecidos como psicopatas do sexo, são aqueles que transgridem as leis, através de uma conduta antissocial, voluntária, consciente e erotizada, realizada como busca exclusiva de prazer sexual. 

O Comportamento sexual, tido como patológico, no caso as parafilias, não é capaz de deter uma pessoa, desde que essas pessoas não transgridam e vivam em sua privacidade sem prejudicar terceiros. No entanto, cabe ressaltar que um diagnóstico como esse poderá estigmatizar, o “portador” pelo resto de sua vida.

Enquanto que o DSM IV [3] fala das Parafilias como 
“Uma sexualidade caracterizada por impulsos sexuais muito intensos e recorrentes, por fantasias e/ou comportamentos não convencionais, capazes de criar alterações desfavoráveis na vida familiar, ocupacional e social da pessoa por seu caráter compulsivo. Trata-se de uma perturbação sexual qualitativa”.
Já no CID.10 estão referidas como Transtornos da Preferência Sexual, denominação que reflete o principal sintoma da Parafilia no DSM-IV. Dessa forma, vale aqui ressaltar que nem todo os indivíduos considerados “parafilicos” são sociopatas sexuais.

Enquanto o DSM IV traz que a Parafilia se caracteriza por comportamentos não convencionais, capazes de criar alterações desfavoráveis na vida familiar, ocupacional e social da pessoa por seu caráter compulsivo. Surge a seguinte questão: até que ponto essa afirmação não demonstra uma ideologia de que, o que não é “natural”, é patológico? Dessa forma, há o risco de rotular todos que praticam esses comportamentos considerados incomuns, ou “não-naturais”, como portadores de um transtorno mental, mesmo que, como indicam algumas investigações, estes comportamentos possam ser apropriados e saudáveis dentro do contexto sociocultural de cada indivíduo.

Tomemos como exemplo os praticantes do BDSM (sigla para a expressão "Bondage, Disciplina, Dominação,Submissão, Sadismo e Masoquismo"), que têm o intuito de trazer prazer sexual através da troca erótica de poder, que pode ou não envolver dor, submissão, tortura psicológica, cócegas e outros meios. Por padrão, a prática é aplicada por um parceiro(a) em outro(a).

Moser (2001)[1] refere que a maioria dos praticantes do BDSM não considera ter problema, exceto o estigma social que está ligado às suas fantasias e comportamentos e que há pouca evidencia de que eles passam pelo sofrimento relatado no DSM- IV.

Contudo, vale ressaltar que ao estudar um conceito é necessário uma visão holística (totalidade), levando em consideração questões sociais, biológicas, culturais, psicológicas, ideológicas, entre outros. Sempre refletindo para não aceitar o conceito pronto e “bonitinho” como os escritos nos livros, como única verdade.

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 Referências

[1] Moser, C. & Kleinplatz, P.J. (2005). DSM-IV-TR and the Paraphilias: An argument for removal. Journal of Psychology and Human Sexuality, 17(3/4). 91-109.

[2] Anthony Falbo de Silver Springs,Flórida - United States. Disponível em: http://vilamulher.com.br/comunidade/a-magia-do-abstrato-cubista-9-8967303-243461-pfi-stelaeffting.html, acesso em 04 de fevereiro de 2014.

[3] DSM-IV

Um comentário:

Acrilato disse...

Parafilia é parafilia. Há tantas voltas, tantos rodeios e tantas subjetividades na matéria que o post ficou no mesmo, do inicio ao fim.

A convenção e as regras da sociedade em que vivemos impõe limites e devemos obedece-la. A própria natureza humana impõe limites. Se o indivíduo é religioso, mais ainda. Se não é, tem as leis da ciência, tem o código civil. Mesmo que você faça isso dentro de uma privacidade, a sós, quem garante que o ato, dependendo da parafilia, não seja um atentado contra si próprio. Se for com mais pessoas, pior ainda. Dependendo do resultado pode configurar algum crime, até mesmo homicídio e pode até ser doloso.

Agorafilia ou a Agrofilia aparentemente inofensivas te faz transgredir no atentado ao pudor, a não ser que você seja proprietário de alguns bons alqueires de terra e a sua propriedade esteja bem cercada.

A zoofilia, por si só é um atentado contra a natureza animal.
A necrofilia no Egito, a algum tempo atrás, estava para ser aprovada uma lei em que o marido poderia ter relações com sua esposa até 6 horas depois de morta. Lá há uma outra cultura que um dia, não impede de chegar até nós. Mas e aí? Não é antinatural?

Aqui na terra temos que ter o entendimento de que nossa vida não nos pertence. Não nascemos por acaso, não viemos ao mundo por uma explosão de átomos. Vivemos e morremos por um propósito maior que a própria ciência não consegue explicar e quando tenta não prova. Por isso cria outros fundamentos que também não conseguiu provar até hoje.

Há somente algo absolutamente certo nesta vida... a morte!
Se não respeitamos a vida, através da retidão e do entendimento do que é certo e errado, encontramos a morte com bastante rapidez.