A CID 10 que corresponde a Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, mais comumente
conhecida como Classificação Internacional de Doenças nos fornece o conceito de
parafilia. A CID é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem como
objetivo a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. [1]
Encontramos na CID 10 vários códigos que são
referentes à classificação de doenças e de uma enorme diversidade de sintomas,
sinais, queixas, aspectos anormais, circunstâncias sociais e causas externas
para lesões ou doenças. É atribuída, para cada estado de saúde uma categoria
única à qual tem um código correspondente. No caso das parafilias tem-se como
código F65
que as conceitua como “Transtornos da preferência sexual”, existindo
subdivisões, como por exemplo, F65.0 Fetichismo; F65.2 Exibicionismo; F65.4
Pedofilia, entre outros. [1] e [2]
No Brasil a CID 10 é o sistema de classificação
diagnóstica mais utilizada nos sistemas de saúde, devido ser valorizada por
compor uma classificação internacional de fato, como também por ser a
classificação oficial para propósitos legais e burocráticos. [4] Embora deixe a
desejar quando traz um olhar mais biológico, negligenciando os outros aspectos
e não concede uma análise mais aprofundada do processo saúde-doença [5].
Quando um código, correspondente a um diagnóstico
ganha plena posição de destaque, a dimensão histórica do sujeito junto com suas
determinações intra e intersubjetivas desaparecem (Osmer, 2007). O diagnóstico
não deve ser utilizado como um fim em si mesmo, mas um meio de orientação
dentro da prática clínica. [3]
Uma questão que devemos refletir dentro da CID 10 no
código F65 é quais foram os critérios utilizados para a construção e
agrupamento das suas subcategorias dentro da categoria maior “Transtornos da
preferência sexual”. Como colocar Pedofilia (desejo por crianças pré-puberes) e
Voyeurismo (obter prazer sexual através da observação de pessoas) em um mesmo
patamar. São comportamentos distintos que trazem consigo diversas implicações,
envolvendo outras áreas do conhecimento.
Quando se traz a conduta sexual para o âmbito
médico, há possibilidade de apenas focalizar-se nas condutas sexuais
desviantes. A partir disto, nesse contexto, se faz uma categorização do
comportamento. Com a utilização da medicalização da própria sexualidade,
toma-se o comportamento desviante, comprometendo o sujeito como um todo.
Definindo-o por suas práticas sexuais, contribuindo para a produção de
personagens sociais que são vistos e tratados de acordo com a identidade dada a
partir da patologização. Por outro lado, ao atribuir um código a um sujeito
pode lhe colocar em uma zona de conforto e de orientação, pois ele pode nomear
e saber como lidar com sua queixa.
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Referências:
[1]
MedicinaNET. Disponível em :<http://www.medicinanet.com.br/cid10.htm>.
Acessado em 20/01/14.
[2]
CID 10 Classificação Internacional das Doenças. Disponível em:
<http://www.bulas.med.br/cid-10/index.asp?act=Search&_id_=183&_ev_=Submit&_formSearchSubmit=%3Adefault%3A&Description=&x=0&y=0&Code=F65>.
Acessado em 19/01/14.
[3]
Burkle, T. D. S., & Martins, D. A. (2009). Uma reflexão crítica sobre as edições do
manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais–dsm.
[4]
de Almeida Lima, F., Silva, J. C. L. J., & Barros, B. R. (2007). O que os
psiquiatras brasileiros esperam das classificações diagnósticas?. J Bras
Psiquiatr, 56(2), 88-93.
[5]
Laurenti, R. (1991). Análise da informação em saúde: 1893-1993, cem anos da
Classificação Internacional de Doenças. Revista de Saúde Pública, 25(6),
407-417.
[6] Produzido por Chegando ao Prazer.
[6] Produzido por Chegando ao Prazer.
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